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Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (6ªParte)


Cidade de palhotas "Bairo da Máquina" Moçambique

Verso "Cidade propriamente dita!... Bairro da máquina

Agora já estou velhinho

E cansado de aturar

Chicos cá no ultramar

E dos turras estou cheinho

Somos todos já batidos

Por ano e meio de tarimba

Estamos aqui adidos

Mas vamos já para o Timba


E três pelotões lá vão

Rompendo mato e capim

Eu bem sei q'uisto é ruim

Mas por Deus, todos voltarão

Já voltaram felizmente

Os turras não encontraram

E pró lago se atiraram

Molhando-se novamente

Que a tropa por lá andou

Eles ficam a saber

Porque as palhotas a arder

A malta por lá deixou

Tinham os peixes a secar

Pelo capim dos telhados

Mas agora devem estar

Sequinhos; até queimados

Mas que lindo par de botas

A tropa lhes arranjou

Deixamo-los sem palhotas

E o peixinho lhes queimou

As outras companhias

Que por aqui tem passado

Dormiam todos os dias,

Passavam um bom bocado

Por isso os turras também

Com eles não se metiam

Mas não tememos ninguém,

Se cá viessem... veriam

Devem estar furiosos

E p´ra eles devem pensar,

Que "com fortes e corajosos"

Nunca se deve brincar.

Mas há homens de verdade

Entre os turras, reconheço

Que com sangue frio e à vontade

Também nos dão, não me esqueço

Mas é à base de traição

Com minas e emboscadas

De cara-a-cara não vão

Lutar com a malta às picadas

Se fossem, coitados deles!...

Depressa a guerra acabava.

Havia de levar peles,

E com elas o chão forrava.

Duma certa companhia

Adida ao Batalhão

Prós turras fugiu um dia

Inteirinho, um pelotão

Todo aquele armamento

Fez aos turras um jeitaço

Armas p'elas portas dentro

Não lhes entra a cada passo

(Relato escrito diariamente entre 25/11/1969 e 10/12/1969)


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