Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (3ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 3 de out. de 2020
- 1 min de leitura

E agora que hei-de fazer?!
Limito-me a esperar.
Que se acabe o meu sofrer,
Quando no cais te abraçar!
Esse dia vem distante,
Por isso sofres também.
Mas desabafas num instante
Escrevendo-me, está bem?!
Pois eu também descarrego
Para cima do papel
Juro-te que ando cego
Pelos teus beijos de mel
Custa tanto recordá-los
Mas vai ser tão bom revivê-los
Foi dificil encontrá-los
Não amor, não vou perdê-los.
Lutarei até á morte
Pelo nosso grande amor
Pagarei a minha sorte
Seja por que preço for
Mueda quase esqueceu,
Porque aqui tudo é diferente
Mas melhor já se conheceu
Relaxando-se (?! imperceptível)
Depois do trabalho há praia
Para arrefecer os calores
Temos banana e papaia
E grachas para os louvoures
Há os que já têm um
E vão receber ainda mais
Não fazem favor algum
Engrachando oficiais
Mais um mês está passado
E o resto há-de passar
Com mais seis sou um soldado
Com a comissão a acabar
Mais que chico é o Capitão
Oh mas que coisa fantástica
Agora obrigar-nos-hão
A ir à ginástica
Agora aos 18 meses
Em porreiro tem se armado
Ele nunca foi mas por vezes
É mesmo exagerado
Em Mueda dois furriéis
Foram mortos em combate
Inverteram-se os papéis
Hoje é o turra quem bate
O primeiro pelotão
Sofreu uma emboscada
Lá pela intervenção
E por sorte não houve nada
Nos condutores destravados
Eu pago a minha cota
E certificando estes dados
Meti dentro uma palhota
(Relato escrito diariamente entre 11/10/1969 e 23/10/1969)
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