Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (2ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 5 de out. de 2019
- 1 min de leitura

Em Mueda "guerra é mato"
Segundo aqui nos contaram
Fornilhos só trinta e quatro
Que duma vez rebentaram
O balanço não foi mau
Sete feridos apenas
Fornilhos a dar com um pau
Mas temos tropas serenas
Desmoralizar?! Qual o quê?!
Nós seguimos sempre em frente
Portugueses, já se vê!
Com sangue frio mas ardente.
Quem em Mueda entrar
Seja umdia quente ou frio
Não consegue evitar
Um ligeiro arrepio
Ao ver carros destruidos
e Fox's por todos os lados
Vejo também chegar feridos
Sempre "turras" ou soldados
Arrufos aqui e ali
E à noite o festival
Já tudo isso eu vi
E também o Aval
Deus me deu a feliz sorte
De hoje o poder contar
De me custar ver a morte
Antes da vida gozar
Morrer corcunda e velhinho
Com os filhos em redor
Dando ao pai o seu carinho
Para que ele não sinta a dor
Morrer assim acho eu
Duma morte que Deus dá
É bem melhor, ó Deus meu
Esperar que eu chegue lá
Quero viver a minha vida
Quero fazê-la render
Ser feliz com minha querida
Só depois então morrer
Se tu bem avaliares
Todo o meu sofrer sem frio
Compensa se dedicares
O teu corpo ainda ao meu
Desde há muito eu te dedico
O meu amor e meu ser
Mal de deixo, logo fico
Pensando em ti a sofrer
Agora então dois anos
Que bem pesado o castigo
Pelos muitos desenganos
Que cometi para contigo
Mas o meu maior pecado
Foi sempre te amar demais
Quer em civilou soldado
Só ter contas, nada mais
Só com as palavras amor
Não consigo expressar,
Esta paixão, esta dor
Que me anda a torturar
O meu peito avaliei
Tal como o meu coração
Adivinha o que encontrei?!
Por ti,a minha paixão!
(Relato escrito diariamente entre 24/09/1969 e 19/10/1969)
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