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Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (2ªParte)


Em Mueda "guerra é mato"

Segundo aqui nos contaram

Fornilhos só trinta e quatro

Que duma vez rebentaram

O balanço não foi mau

Sete feridos apenas

Fornilhos a dar com um pau

Mas temos tropas serenas

Desmoralizar?! Qual o quê?!

Nós seguimos sempre em frente

Portugueses, já se vê!

Com sangue frio mas ardente.

Quem em Mueda entrar

Seja umdia quente ou frio

Não consegue evitar

Um ligeiro arrepio

Ao ver carros destruidos

e Fox's por todos os lados

Vejo também chegar feridos

Sempre "turras" ou soldados

Arrufos aqui e ali

E à noite o festival

Já tudo isso eu vi

E também o Aval

Deus me deu a feliz sorte

De hoje o poder contar

De me custar ver a morte

Antes da vida gozar

Morrer corcunda e velhinho

Com os filhos em redor

Dando ao pai o seu carinho

Para que ele não sinta a dor

Morrer assim acho eu

Duma morte que Deus dá

É bem melhor, ó Deus meu

Esperar que eu chegue lá

Quero viver a minha vida

Quero fazê-la render

Ser feliz com minha querida

Só depois então morrer

Se tu bem avaliares

Todo o meu sofrer sem frio

Compensa se dedicares

O teu corpo ainda ao meu

Desde há muito eu te dedico

O meu amor e meu ser

Mal de deixo, logo fico

Pensando em ti a sofrer

Agora então dois anos

Que bem pesado o castigo

Pelos muitos desenganos

Que cometi para contigo

Mas o meu maior pecado

Foi sempre te amar demais

Quer em civilou soldado

Só ter contas, nada mais

Só com as palavras amor

Não consigo expressar,

Esta paixão, esta dor

Que me anda a torturar

O meu peito avaliei

Tal como o meu coração

Adivinha o que encontrei?!

Por ti,a minha paixão!

(Relato escrito diariamente entre 24/09/1969 e 19/10/1969)

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