Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (1ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 11 de mai. de 2019
- 1 min de leitura
Atualizado: 28 de set. de 2020

Até me custou a crêr
Mais cinco turras vieram
Um até trouxe a mulher
E um barco a motor trouxeram
Se o roubaram ou não
Eu pelo menos não sei
A verdade é que cá estão
E não fui eu quem lho dei
Com ele fazem carreira
A Metangula e volta
Ainda fazem dinheiro
E não precisam de escolta

Os Chicos e o capitão
Não interessam a ninguém
Dão trabalho até ais não
Mas não trabalham também
Marcam horas d'ir ao banho
Vê-se logo que são reles
Uma praia deste tamanho
E querem-na só para eles
Se nos pudessem proibir
De ir à praia de vez
Só haveriam mesmo de ir
Os Chicos molhar os pés
De manhã nunce se esquecem
E mandam descapinar
Coitados se eles pudessem
Até mandavam cavar
O que realmente faz falta
Eles não mandam fazer
Porque é em proveito da malta
Dizem que não pode ser
Mas querem água nas práte(?!)
E eu que a ponha lá
E nós nem temos retrete
Faz-se aqui e acolá
Desasseis mêses passados
É isto o que interessa
Tendo mais sete acabados
Dou-lhes c'os pés e depressa
De Mueda a Engenharia
Lá na serra do Má-Pé
Soube-se que neste dia
Morreu o Pedro e o Zé
Um Furriel que ficou
Em Mueda agregado
Um formilho desmontou
Mas foi também desmontado
Agora até proibiram
Dos fornilhos desmontar
Pois muitos se iludiram
E acabaram por lerpar
Os Comandos nossos amigos
Estão em Vila Cabral
Como sempre coitaditos
Onde estão há "vendaval"
Entre outras ações malvadas
Que não lembram de momento
Mataram hoje à facada
Um preto do aldeamento
Disseram ter prioridade
Sobre o marido e então
Ele não lhes fez a vontade
Morreu por essa razão
(Relato escrito diariamente entre 09/09/1969 e 24/09/1969)
Comentários