Capítulo XIX | O Segundo Ano de Comissão (4ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 10 de out. de 2020
- 1 min de leitura


O Sagal foi atacado
Já duas vezes seguidas
Da segunda, ao nosso lado
Houve perda de três vidas
Este foi só o segundo
Temos ainda o primeiro
Que parecia o fim do mundo
Com descargas de morteiro
Há lá duas companhias
Com as respectivas missões
Uma vela todos os dias
A outra faz operações
Uma delas africana
A que essa noite velava
A outra estava na cama
Enquanto o turra rondava
Ao ver tudo adormecido
E o quartel mal guardado
Mostrou que era destruido
Cortando o arame farpado
Um condutor que acordou
Pôs-se a olhar em redor
Via os turras e gritou
Que senão era pior
Um caso tão desumano
Não conheço outro assim
Pois hoje um açoreano
Deu um tiro ao Amorim.
Bom rapaz o falecido
Bom cozinheiro e soldado
Morreu por ter discutido
Um caso, com o malvado
Sangue frio e descontração
Oh que assassino qualquer.
Não poderá ter perdão
O que será da mulher?
Eu e a malta da Flatt
Num terreno pequenino
Depois de dois meses de "frete"
Temos alface e pepino
Tomates estão a crescer
Bem bonitos por sinal
É o que nos vai valer,
Que a comida nada vale
A vinte e quatro e cinquenta e um
Que em Mueda nos rendeu
Por não fazerem nenhum
Julgavam estar a ****
Para o mato nunca iam
Nem picar o areal
Ptrulha não as faziam
E a coisa ia mal
Mas o Zé turra é que é esperto
Ao vê-los acobardados
Mostrou queem campo aberto
Sabe enfrentar os soldados
Então o golpe estudaram
E logo para começar
As águas foram atacar
E três mortos causaram
O comandante de então
Foi o da minha ****
Vendo que não davam luta
Expulsou-os do batalhão
(Relato escrito diariamente entre 14/10/1969 e 08/11/1969)
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