top of page

Capítulo VI | A Viagem "Ida" (1ªParte)


Panfleto Propaganda contra FRELIMO

Acabo de embarcar

Para ir pró Ultramar

E cumprir o meu dever

Na hora da despedida

Abracei a minha querida

E disse-lhe "até mais ver"

Hoje vou pelo mar fora

Lembrando a maldita hora

Em que o "Niassa" largou

E os mil lenços a acenar

Muita família a chorar

No cais de Alcântara deixou

A ausẽncia já é mãe

A sua filha também

Tortura todo o meu ser

Sua filha é a saudade

De mim não tem piedade

De amor me faz sofrer

Quarto dia de viagem

Sopra uma leve aragem

Que me alivia o calor

Que trago dentro do peitp

Junto dum sonho desfeito

Tão longe do meu amor

À Madeira já passei

As Canárias avistei

Hoje pela madrugada.

Mal podendo decifrar,

Se eram serras sobre o mar

Ou nuvens de trovoada

Com a sua calmaria

O mar parece uma ria

Deixando-se atravessar

Com estes barcos potentes

Carregados de valentes

Que o seu sangue vão dar

Cada vez está mais calor

Andando pró Equador

Este barco já velhinho

Deus queira que chegue bem

E que eu regresse também

Com o esqueleto inteirinho

Passamos o Equador

Com muita chuva e calor

Que era de abafar

Ò que clima tão diferente

Mesmo a chover é quente

Vou custar-me a habituar

(Relato escrito diariamente entre 18/05/1968 e 25/05/1968)

27 visualizações
Categorias
Posts Em Destaque
Posts Recentes
Arquivo
Tags
bottom of page