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Capítulo IV | I.A.O (1ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 6 de jan. de 2018
  • 1 min de leitura

Manuel Oliveira e Silva 1968

Não fiquei surpreendido

Desta mobilização

Pois fiquei até alegre

Afirmo de coração

Hoje ao meio dia arranquei

Para o antigo quartel

Julgando que ia mudar

Lá para Penafiel

Cheguei ao Porto e mandaram-me

Para Santa Margarida

E á noitinha já estava

Junto da minha querida

Onze dias de licença

Quem não há-de estar contente

Vou curar a minha gripe

Encharcado em aguardente

Só para matar o tempo

Hoje andei a passear

Já não penso noutra coisa

Só em ir para o Ultramar

Como eu tenho que ir

Mais vale ir já que depois

Dois anos se vão passar

Pelo meio de nós os dois

Quando eu sair da tropa

Com o diário inteiro

Quem o ler dirá para si

Mas que grande barraqueiro

Já farto de boa vida

Sem dinheiro para gastar

Assim mesmo engripado

Resolvi ir trabalhar

Hoje ainda fiz meio-dia

Na manhã de Carnaval

Se trabalho até à noite

Será mais um dia igual

"O trabalho é bom pró preto"

Mas o branco é que se amola

É que eu trabalho nas obras

E o Eusébio joga à bola

Mesmo a trabalhar nas obras

Consigo a tropa esquecer

Pois tudo é preferível

À tropa ter que sofrer

Vou para Sta. Margarida

Pra tirar o I.A.O*

A tropa arruina a vida

Já dizia a minha avó

*I.A.O- Instrução de Aperfeiçoamento Operacional (IAO) era ministrada às unidades mobilizadas e durava três semanas consecutivas. A instrução durante o período da guerra era quase exclusivamente orientada para as suas necessidades, e as técnicas ensinadas eram sobretudo as da contraguerrilha.

(Relato escrito diariamente entre 19/02/1968 e 01/03/1968)

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