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Capítulo IV | I.A.O (5ªParte)


Panfleto propaganda em dialeto moçambicano

Prometemos nós os dois

Não chorarmos à partida

Cada lágrima que cai

É um pedaço de vida

O prometido é devido

É costume ouvir dizer

Quem me dera consegui-lo

Dizer adeus sem sofrer

Há quem diga que na vida

Tudo é uma canção

A tropa é canção triste

Que tortura o coração

Implora a todos os santos

E pede por mim a Deus

Que eu volte a ouvir teus prantos

Intervalados p'los meus

Falta passar a partida

E já penso no regresso

Não me esqueças, minha querida

Porque eu a ti não te esqueço

Não estava no orçamento

Nas férias, eu trabalhar

Não sou rico e de momento

A massa estava a falhar

Estão-se as férias a acabar

Vou pró quartel afinal

Já me estava a habituar

À comida, menos mal

Junto à minha prometida

Eu esta Páscoa passei

Pró ano, na vez da cruz

A arma eu beijarei

A arma tira ou defende

A vida a quem a tiver

Uma cruz tem quem pretende

Na vida, uma mulher

Tenho as horas contadas

Para ao quartel regressar

Onde eles dão as patadas

Para as férias amargar

Ao embarque do Chiquinho

Fui hoje de manhãzinha

Entre gritos do povinho

E adeus da minha mãezinha

E pra Sta. Margarida

Com pensamentos medonhos

A tropa arruina a vida

E destrói modestos sonhos

(Relato escrito diariamente entre 07/04/1968 e 18/04/1968)

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