Capítulo IV | I.A.O (5ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 3 de fev. de 2018
- 1 min de leitura

Prometemos nós os dois
Não chorarmos à partida
Cada lágrima que cai
É um pedaço de vida
O prometido é devido
É costume ouvir dizer
Quem me dera consegui-lo
Dizer adeus sem sofrer
Há quem diga que na vida
Tudo é uma canção
A tropa é canção triste
Que tortura o coração
Implora a todos os santos
E pede por mim a Deus
Que eu volte a ouvir teus prantos
Intervalados p'los meus
Falta passar a partida
E já penso no regresso
Não me esqueças, minha querida
Porque eu a ti não te esqueço
Não estava no orçamento
Nas férias, eu trabalhar
Não sou rico e de momento
A massa estava a falhar
Estão-se as férias a acabar
Vou pró quartel afinal
Já me estava a habituar
À comida, menos mal
Junto à minha prometida
Eu esta Páscoa passei
Pró ano, na vez da cruz
A arma eu beijarei
A arma tira ou defende
A vida a quem a tiver
Uma cruz tem quem pretende
Na vida, uma mulher
Tenho as horas contadas
Para ao quartel regressar
Onde eles dão as patadas
Para as férias amargar
Ao embarque do Chiquinho
Fui hoje de manhãzinha
Entre gritos do povinho
E adeus da minha mãezinha
E pra Sta. Margarida
Com pensamentos medonhos
A tropa arruina a vida
E destrói modestos sonhos
(Relato escrito diariamente entre 07/04/1968 e 18/04/1968)
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