Capítulo VI | A Viagem "Ida" (3ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 17 de mar. de 2018
- 1 min de leitura

Os grandes navios de agora
Comparados aos d'outrora
Não se podem "igualar"
Mesmo assim os nossos avós
Naquelas cascas de nóz
Foram os heróis do mar
Estamos quase a passar
O cabo, onde o mar
Não inspira confiança
Mesmo assim foi baptizado
Pelo nosso antepassado
Cabo da boa esperança
Parece que não condiz
O nome que darhe quiz
Esse grande marinheiro
Não nasceu p'ra baptizar
Mas sim p'ró atravessar
Com arrojo altaneiro
O gigante Adamastor
Hoje não causa terror
A quem tem de lá passar
Tenho em Deus confiança
E que o Cabo da Boa Esperança
Me dê esperança de voltar
O mar hoje é todo calma
Tal e qual a minha alma
Parece anestesiada
Pois que de tanto querer
Fartou-se já de sofrer
Tem a paixão refreada
Esta tarde já avisto
À paisagem não resisto
E às luzes da capital
Desta gente portuguesa
Morena por natureza
Mas de sangue ao nosso igual
A cidade que apontei
E ontem á noite cheguei
Para um domingo passar
É bonita de verdade
Ao vê-la fez-me saudade
E Lisboa recordar
Lourenço Marques, que linda
A minha visita finda
Porque volto a partir
Não tenhas pena de mim
Não deve ser o meu fim
Eu hei-de te tornar a ver
(Relato escrito diariamente entre 03/06/1968 e 10/06/1968)
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