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Capítulo VI | A Viagem "Ida" (4ªParte)

Armado na mata de camuflado, Mueda Moçambique

Da comida enjoados

Eu e os outros soldados

Temos a resignação

Mas gostava de saber

Os nomes de certo comer

Que aqui nos dão

A sopa para bebés

Ou para lavar os pés

Para o caso, tanto faz

O segundo coitadinho

Couves, feijão e toucinho

Não serve cá pró rapaz

No dia de Sto. António

Por capricho do demónio

A Nacala fui chegado

Do barco eu não saí

Também não me arrependi

Fiquei na cama deitado

Mueda é o meu rumo

Desapareci como o fumo

Da cidade de Nacala

Já picado até mais não

Gramei outra injecção

Que até fiquei sem fala

Desembarquei como um paia

Em Moçambique da praia,

Jamais me posso esquecer

Ao relento me deitei

De manhã quando acordei

Mal me podia erguer

Sob um chão todo empedrado

Vestido estou deitado

Para outra noite passar

Só com pão e rações frias

Tenho que passar 3 dias

Até a Mueda chegar

Sob um sol abrasador

Vencido pelo temor

De se dar uma emboscada

Cheguei bem e estou contente

Deus queira que para a frente

Os turras não façam nada

Glória só o teu amor

Luta junto ao meu ardor

Ó turras fujam da frente

Regressarei podem crer

Ingrato não posso ser

A um amor tão ardente

(Relato escrito diariamente entre 11/06/1968 e 17/06/1968)

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