Capítulo VII | Estágio (2ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 7 de abr. de 2018
- 1 min de leitura

Este clima aqui do Norte
Iguala o do Continente
No Inverno, muito frio
E no Verão muito quente
Dois maricas me acusaram
E sem nenhuma razão
Mas com a cama lerparam
Discuti com o Capitão
Andei a apanhar papéis
Esta manhã na parada
Lavei roupa e recebi
Hoje a primeira mesada
Esta manhã fui à lenha
Prá messe do Batalhão
Fartei-me de trabalhar
Fiz uma bolha na mão
Às duas da madrugada
Levei a malta ao mato
E lerpei com o café
Ninguém me manda ser pato
Devora todo o meu corpo
Uma grande saudade interna
As brancas que há aqui;
Só na parede da caserna
Caladas e alinhadas
Em todas as posições
Tanto nuas como vestidas
Torturam os corações
O capítulo "Estágio"
Tem um bonito nome
Mas nunca vi em estágio
Alguém passar tanta fome
Mudei hoje de caserna
Julgando que pra melhor
Se numa cheirava mal
Noutra cheirava pior
Nem só de pão vive o homem
É velho este ditado
Sem amores nem carinho
Muito triste é ser soldado
Mueda, porta da guerra
Que deu muito que falar
Teu vasto capim encerra
Muito sangue militar
Esta noite houve rajadas
Que as sentinelas deram
Estavamos muito assustados
Só porque as sombras mexeram
Hoje ao montar uma mina
Houve um descuido fatal
Da malta do CC8
Estão 4 no hospital
Ó que domingo tão triste
Passo eu por estar ausente
Daquele ente querido
Que tenho no Continente
(Relato escrito diariamente entre 01/07/1968 e 14/07/1968)
Hozzászólások