Capítulo VII | Estágio (3ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 14 de abr. de 2018
- 1 min de leitura

Isto está cada vez mais torto
Tristezas, conto mais uma
Uma mina fez um morto
De Mocímboa do Rovuma
O carro ficou desfeito
Um morto e cinco feridos
Mais uma mágoa pró peito
Dos seus entes tão queridos
Uma saída pró mato
Primeira da comissão
Uma ração de combate
Para "que congestão" - (DE FOME)
Já estão dois meses a menos
A contar prá comissão
Se apanho mais 22!...
Bebedeira até mais não
Mueda terra maldita
Que nem sol tem com fartura
Isto é pior que uma fita
Em que o "rapaz" é pendura
Hoje pró mato voltei
Ainda o sol estava escondido
Com o correio lerpei
Fiquei muito aborrecido
Festa na cavalaria
Com salvas de morteirada
Eu tão triste todo o dia
Sem uma carta nem nada
Pra descontar o perdido
O prato do dia a dia
E a ração de combate
E segurança à Engenharia
O correio que chegou
Não era do Continente
E o Buzinas "lerpou"
Anda muito descontente
O rancho está a melhorar
À custa de muitas rixas
Mas continuam a dar
O arroz com as salsichas
Abriu a nossa cantina
Anda alegre a companhia
Para mais pagaram hoje
Foi uma dupla alegria
Às quatro da madrugada
Pois madrugar não faz mal
Fui buscar pára-quedistas
Numa coluna ao Sagal
Que sábado aborrecido
Eu hoje estava a passar
Mas tive agora correio
Já não tornei a lerpar
Embebedou-se um soldado
Que era preto e do Esquadrão
Pegando em 3 granadas
Feriu dois e um capitão
Também ficou destroçado
O gajo, mas não morreu
Mas está bem arranjado
E sem um braço que perdeu
(Relato escrito diariamente entre 15/07/1968 e 29/07/1968)
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