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Capítulo VII | Estágio (10ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 2 de jun. de 2018
  • 1 min de leitura

Cemitério de Mueda, soldados portugueses 1968
Cemitério de Mueda (verso de fotografia)

Na minha cama dormi

Com grande satisfação

Que falta dela senti

Quando dormia no chão

Ontem ao anoitecer

Em Diaca as morteiradas

Acabaram por estender

Muitos nossos camaradas

4 mortos e trinta feridos

Nesse ataque traiçoeiro

Alguns ficaram estendidos

Agarrados ao morteiro

Esta manhã alinhei

Em coluna a Nancatari

Os "páras" que eu levei

Foram os turras atacar

Dispostos para lutar

Os "páras" estão a sair

A missão a executar

É uma base destruir

Sete dias de missão

Sem numa cama dormir

Se Deus quizer chegarão

Sua missão a cumprir

Ainda estou em Nancatari

Durante 5 dias mais

Eu vim aqui encontrar

Dois amigos de Cascais

Acreditem no que digo

E no que escrevo também

Estar a dormir no abrigo

Não interessa a ninguém

A água é pouca e não presta

Mas temos que a beber

O dinheiro que me resta

Está a desaparecer

Há já quase 2 meses

De "pré" estamos a lerpar

A falta de massa às vezes

Ajuda-nos a poupar

Hoje deixei Nancatari

A Mueda já cheguei

Depois do banho tomar

Na caminha me deitei

A viagem correu bem

Mesmo apesar da picada

Não interessa a ninguém

Ela estar toda esburacada

Hoje a Mueda chegaram

Dois feridos levemente

Uma armadilha rebentaram

Perto do acampamento

Ao rio iam dirigidos

Para água recolher

Um daqueles dois feridos

Acabou por falecer

(Relato escrito diariamente entre 27/10/1968 e 10/11/1968)

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