Capítulo VII | Estágio (12ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 16 de jun. de 2018
- 1 min de leitura

Já me vieram render
A Mueda hoje regresso
Por mais que me queira esquecer
O acampamento não esqueço
Apesar do sofrimento
No melhor da mocidade
Lembrarei o acampamento?
Chegarei a ter saudade?
Outra vez sem fazer nada
Eu tenho de descontar
Os quinze dias da picada
Sempre, sempre a trabalhar
Dormi até ao meio dia
Levantei-me fui comer
Joguei o resto do dia
À noite fui escrever
Esta vidinha de cão
Dá-me vontade de rir
Trabalhar isso é que não
É só comer e dormir
Voltei ao acampamento
Para reviver o passado
Tivemos dois ferimentos
Morteiros por todo o lado
Os feridos que eu falei

Foram os dois do esquadrão
Nunca mais esquecerei;
Um na cara, outro na mão
Cinco turras apareceram
Armados de "beizookada"
Fazer fogo não puderam,
Só fugiram da picada
Três pelotões alinharam
Para fora de Mueda
Mais um turra eles lerparam
Lá no vale da Miteda
Nem tudo nos correu bem
Coisas que o destino trama
Dois feridos nossos também
Por causa de um "dilagrama"*
Os operacionais de galinhas
Estão a adquirir prática
E nossas emboscadinhas
Caçaram uma automática
A picada que andam a abrir
Tem bastante animação
Sete fornilhos a explodir
E uma bomba de avião
A sorte nos acompanha
A sorte está do nosso lado
Sete meses de campanha
E Deus tem nos amparado
A coluna de Engenharia
Ainda agora aqui chegou
Numa emboscada, quem diria
Outro turra que lerpou
*DILAGRAMA- Lança granadas
(Relato escrito diariamente entre 25/11/1968 e 08/12/1968)
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