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Capítulo VII | Estágio (14ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 30 de jun. de 2018
  • 1 min de leitura

Postal de Boas Festas Ultramar, Meponda Moçambique 1969

Temer, temem de verdade

Os ataques traiçoeiros

Estariam mais à vontade

Frente a frente aos guerrilheiros

Não se chegam a mostrar

Para à tropa reagir

Acabaram por lerpar

Cinco, quando ao fugir

Chegou a malta toda inteira

Para este Natal passar

Houve tanta bebedeira

Tanta alegria no ar

Sete mulheres e crianças

Foram feitas prisioneiras

Nós temos grandes esperanças

Cá nestas nossas fileiras

Tendes razões para chorar

Ò mães que tendes cá filhos

Que fizeram rebentar

Hoje 22 fornilhos

Mais uma operação

Hoje a malta foi fazer

Três dias lá andarão

Às privações, a sofrer

Dos fornilhos que eu falei

E que a malta rebentou

Deus nos deu sorte, bem sei

Nem um ferido ficou

A Companhia é chegada

Outra missão foi cumprida

Agora não farão nada

Têm um mês de boa vida

Muitas palhotas queimaram

Em mais de um acampamento

Com os turras se encontraram

Que fugiram mato a dentro

Mas trouxeram criancinhas

E uma até já crescida

Pr'aqui andam coitadinhas

Sem terem alguém na vida

Quem a guerra inventou

Nela haveria de andar

Mas para cá nos enviou

Não custa nada mandar

Os Comandos "em 2ªmão"

Estão operacionais

Superiores pensam que são

Mas são aos nossos iguais

A velha história da guerra

Voltou hoje a suceder

Cá nesta maldita terra

Nada de bom pode haver

Por isso em Macania

Estava a manhã a romper

Ainda a malta dormia:

E morteirada a chover

(Relato escrito diariamente entre 23/12/1968 e 05/01/1969)

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