Capítulo VII | Estágio (14ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 30 de jun. de 2018
- 1 min de leitura

Temer, temem de verdade
Os ataques traiçoeiros
Estariam mais à vontade
Frente a frente aos guerrilheiros
Não se chegam a mostrar
Para à tropa reagir
Acabaram por lerpar
Cinco, quando ao fugir
Chegou a malta toda inteira
Para este Natal passar
Houve tanta bebedeira
Tanta alegria no ar
Sete mulheres e crianças
Foram feitas prisioneiras
Nós temos grandes esperanças
Cá nestas nossas fileiras
Tendes razões para chorar
Ò mães que tendes cá filhos
Que fizeram rebentar
Hoje 22 fornilhos
Mais uma operação
Hoje a malta foi fazer
Três dias lá andarão
Às privações, a sofrer
Dos fornilhos que eu falei
E que a malta rebentou
Deus nos deu sorte, bem sei
Nem um ferido ficou
A Companhia é chegada
Outra missão foi cumprida
Agora não farão nada
Têm um mês de boa vida
Muitas palhotas queimaram
Em mais de um acampamento
Com os turras se encontraram
Que fugiram mato a dentro
Mas trouxeram criancinhas
E uma até já crescida
Pr'aqui andam coitadinhas
Sem terem alguém na vida
Quem a guerra inventou
Nela haveria de andar
Mas para cá nos enviou
Não custa nada mandar
Os Comandos "em 2ªmão"
Estão operacionais
Superiores pensam que são
Mas são aos nossos iguais
A velha história da guerra
Voltou hoje a suceder
Cá nesta maldita terra
Nada de bom pode haver
Por isso em Macania
Estava a manhã a romper
Ainda a malta dormia:
E morteirada a chover

(Relato escrito diariamente entre 23/12/1968 e 05/01/1969)
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