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Capítulo VII | Estágio (16ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 14 de jul. de 2018
  • 1 min de leitura

Frente a carro decorado com chifres 1968, Mueda

Estou farto desta guerra

E de ir ao tacho "em bichas"

Não sei como nesta terra

Há tanto arroz com salsichas

Voltaram-se prós ciclistas

Há muita gente à patada

E para não dar nas vistas

Fazem arroz com dobrada

Um táxi aéreo hoje veio

Em Mueda aterrar

Era o táxi do correio

Com um doente de Nancatari

Hoje estou a alinhar

Mas trabalhar não faz mal

Os Comandos vou levar

E fico à espera no Sagal

À noitinha fui levá-los

Pra lá da curva da morte

Deus os livre de encontrá-los

Desejo-lhes boa sorte

Alguns voltaram para trás

A meio da operação

Que Comandos bons prá paz

Mas para a guerra, isso não

Os Comandos já chegaram

Mas um homem os enganou

Coitados muito andaram

E o guia não os guiou

Para o quartel tornei a vir

Já ontem aqui cheguei

Já farto de conduzir

Para Nancatari arranquei

Nada de boa viagem

Foi antes pelo contrario

Tivemos muita paragem,

Para que sou eu voluntário?!

Mais um ataque registo

Nestas frases mal compostas

Numa emboscada que só visto;

Um ferido pelas costas

Conduzia o rebenta minas

O pobre do condutor

Foi ferido p'los ardinas

Que atacavam com furor

Nas árvores emboscados

Os malditos se encontravam

Foram logo escorraçados

Pelas tropas que enfrentavam

Mais uma vez ao Sagal

Os Comandos vou levar

Da outra ficaram mal

E outra vez vão tentar

1º Cabo enfermeiro

Logo depois de almoçar

Foi tomar banho ao ribeiro

E acabou por se afogar

(237)

(Relato escrito diariamente entre 20/01/1969 e 02/02/1969)

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