Capítulo VII | Estágio (17ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 21 de jul. de 2018
- 1 min de leitura

Hoje o meu dia de azar
Tanta chuva e trovoada
A Mueda, ao regressar;
A viatura empanada
Feriu-se um atirador
Da vinte e três setenta e um
Já cinco mortos, que horror
Deus não lhes dê mais nenhum
Está outra vez a alinhar
A vinte e três sessenta e nove
Vão ter dois dias a andar;
Se é operacional, que prove!
Foi outra vez atacada
A Companhia em Mueda
Se acertam com a murteirada;
Ó que desastre que era
A Companhia chegou;
Contente, é bom de ver
Quinze turras apanhou
Não cansa de o dizer
Consideram-se valentes
Estes operacionais
E Comandos descontentes
Vêem em nós seus rivais
A inveja faz falar
É velho este ditado
Eles fartam-se de andar
Sem nada ter encontrado
Não se pode dizer nada
Desconfiam e há molho
Pegaram à cinturada;
Há um que ficou zarolho
Pró mato volta outra vez
A malta da Companhia
Se trazem mais dois ou três
Vai ser bonito esse dia!...
Acabaram com o vinho
E houve revolução
O rancho, que pobrezinho
Amostra de atum com feijão
O Peniche, esse então
Fica com grande cachola
Maldito do Chicalhão
Mandou buscar uma pistola
Está de volta a nossa malta
Que por Deus é protegida
A revolta até faz falta
Pois ganhamos a partida
O vinho diariamente
Estamos a receber
A malta anda contente
Por já tornar a beber
Dizem que a verba é pouca
E que temos de poupar
Como que a malta já poupa
Agora, só se "lerpar"
(Relato escrito diariamente entre 03/02/1969 e 16/02/1969)
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