Capítulo VII | Estágio (20ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 16 de fev. de 2019
- 1 min de leitura

Hoje então a engenharia
Voltou a dar que falar
Era mais de meio dia
Nós lerpámos de comer
Ainda só provisório
Foi hoje inaugurado
Cá o nosso refeitório
Houve tacho melhorado
Comigo tudo implica
Os "chicos" que grande seita
Dois reforços à "Benfica"
Por ter a cama mal feita
Olham a cama enrelhada
Mas não olham os lençóis
Que agora não são mudados
Há um mês; e às vezes dois
Um fornilho rebentou
Uma Berliett destruiu
Por sorte ninguém lerpou
Apenas quatro feriu
Meu carro avariado
Fez um colega ir por mim
Era eu o "contemplado"
Mas Deus não quis assim
Um morto hoje chegou
Mais dois, feridos estão
Que a de Metamba apanhou
Ao dar um golpe de mão
Mais uma arma apanharam
Mas bem cara lhes ficou
Com a arma não pagaram
Uma vida que findou
No refeitório a comer
A nossa rapaziada
Sente já outro prazer
Ao tragar carne enlatada
Hoje a "malta" se alertou
E sem motivo afinal
Porque o "esquadrão" disparou
Pra assustar o General
Os comandos têm azar
Foram logo detectados
Saíram para atacar
E foram os atacados
Dois feridos que tiveram
Sorte ou azar Deus o diga
Coitados nada fizeram
À outra malta inimiga
A 10ª Companhia
De comandos em intervenção
Não esqueceu este dia
Quatro feridos estão
Um "pára" hoje chegou
E vinha muito maltratado
Uma bala no peito entrou
E saiu pelo outro lado
(Relato escrito diariamente entre 24/03/1969 e 20/04/1969)
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