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Capítulo VII | Estágio (21ªParte)


Soldados no mato dentro da água

A nossa malta outra vez

Está operacional

Que nos corra bem este mês

Que o outro nos correu mal

Saiu hoje um pelotão

Para montar emboscada

Amanhã outros vão

Rendê-los à picada

Saio para todo o lado

Sem uma arma sequer

Há direito que um soldado

Se exponha assim a morrer?

Como eu, outros mais

Sem arma distribuída

Que andam operacionais

Expondo assim a vida

A Companhia voltou

Toda inteira felizmente

Os turras não encontrou

Mas voltarão novamente

Outro domingo passado

Sem nada de especial

é melhor não haver nada

Que alguma coisa de mal

Quinze dias sem correio

Da pessoa desejada

Hoje afinal sempre veio

Correspondência atrasada

Está outra vez a alinhar

O pobre do atirador

Bem melhor é cá ficar

É tão bom ser condutor

Duas noites dormir fora

E três dias procurando

Descobrir a qualquer hora

Acampamento achando

Hoje cá estão felizmente

Todos os nossos soldados

Chegaram todos contentes

Apesar de encharcados

Trazem vinte prisioneiros

Que para a prisão devem ir

Coitados, são machambeiros*

Os turras sabem fugir

O quartel lá de Namihuda

Há dias foi atacado

Isto aconteceu à miúda

Três mortos do nosso lado

O "Bigodes" nosso colega

Uma facada a um negro deu

Agora está à pega

Mas antes ele do que eu

Estava um de ronda afinal

Não sei p'ra quê, não viu nada!?...

O negro está no hospital

Por causa dessa facada

*MACHAMBEIROS: Donos ou funcionários de uma machamba (terreno agrícola para cultivo).

(Relato escrito diariamente entre 24/03/1969 e 06/04/1969)

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