Capítulo VII | Estágio (23ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 9 de mar. de 2019
- 1 min de leitura

A companhia chegou
Com mais onze machambeiros
Com estes onze contou
Sessenta e dois prisioneiros
Mas com as armas "lerpamos"
Temos nisso grande azar
Pois que só uma apanhámos
E é capaz de chegar
Prisioneiros é diferente
Muitos temos apanhado
Pois nisso vamos à frente
Aqui no Cabo-Delgado
Uma mina em Mataca
Mais três mortos registou
A viatura era fraca
Toda desfeita ficou
A malta foi se emboscar
Na zona de Chindarilho
A questão é esperar
Que eles passem pelo trilho
Hoje então por lá passaram
E logo foram corridos
Uma arma eles largaram
De certo foram feridos
Uma mina encontrámos
E dois fornilhos também
Por poucochinho escapámos
Mas por Deus chegamos bem
Nós temos continuado
A montar lá emboscada
Mas eles têm passado
Sem fazer caso de nada
Mais um dia assinalado
Não pode haver quem o esqueça
Porque o Vilela coitado
Levou um tiro na cabeça
Dez horas ele durou
Em sofrimento constante
Tanto a criar custou
Para acabar num instante
A nossa segunda baixa
A meio da comissão
As duas armas em caixa
Duas vidas pagarão?!
Eu compreendo tão mal
Esta guerra subversiva
Manda a Psico-social
Só dar fogo na defensiva
Hoje então uma emboscada
Apanhou-nos desprevenidos
Fizeram logo de entrada
Três mortos e dez feridos
Dois furriéis e um condutor
São os que a vida perderam
Mas lutamos com valor
E muitos deles morreram
(Relato escrito diariamente entre 29/04/1969 e 12/05/1969)
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