Capítulo VII | Estágio (6ªParte)
- Manuel de Oliveira e Silva
- 5 de mai. de 2018
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As "nabices" desta guerra
Sucedem de quando em quando
Hoje os pára-quedistas
Abriram fogo aos comandos
Quatro feridos e um morto
Balanço da brincadeira
Já aconteceu mais vezes
Não foi esta a primeira
Uma mina rebentou
Que pelos turras armada
Alguns comandos deixou
Feridos lá na picada
Recebemos hoje o pré
À média de um conto e tal
Bebedeiras é "banzé"
Dinheiro a mais faz mal
Vou-vos dizer neste tom
Acreditem no que eu digo
Muitas vezes o "ser bom"
Faz-nos perder um amigo
Em Diaca, 8 feridos
Rescaldo de uma armadilha
De helicóptero transferidos
Durante 21 milha
Mais três feridos entraram
Para o nosso Hospital
Com os turras se encontraram
Os soldados do Sagal
Amor, amor e querida
Não canso de te chamar
Pois contigo minha vida
Aprendi o verbo a amar
Somos muito poderosos
Porque o amar é poder
Sentimo-nos orgulhosos
Por um ao outro querer
Ó meu amor quem me dera
Quem me dera agora ver-te
Abraçar-te, pois pudera
Entre os meus braços prender-te
Apesar de estar longe
Oiço teu peito bater
Sempre que penso em ti
Sinto o sangue ferver
Na prisão de um teu abraço
Na tortura de um desejo
Eu não dava mais um paço
Dava-te apenas um beijo
Ao entrar no Batalhão
Distraí-me nesse instante
Fui chamado ao Capitão
A seguir, ao Comandante
Hoje houve variedades
Por isso, dia diferente
Barraqueiros e beldades
Artistas do Continente
(Relato escrito diariamente entre 02/09/1968 e 15/09/1968)
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