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Capítulo IV | I.A.O (2ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 13 de jan. de 2018
  • 1 min de leitura

Postais "O Zé da Fisga" Publicidade Tabaco Ultramar

Despedi-me do trabalho

Estão as férias a acabar

Sabe melhor receber

Do que ter de trabalhar

Hoje, domingo arranquei

Para Sta. Margarida

Muito tristonho fiquei

Por deixar a minha querida

Ás duas da madrugada

Dei entrada no quartel

Pensei ao ver a caserna

Estás lixado, ó Manel

Ao entrar no refeitório

Que grande desilusão

As mesas são de madeira

Mais preta que um carvão

Não se pode beber vinho

Nem se vende na cantina

Vejam lá o meu azar

Apanhei outra vacina

Se as minhas contas não falham

No mato vou fazer anos

Passamos um lago vestidos

Malditos milicianos

Não vou de fim de semana

A massa também é pouca

Ao menos tenho vagar

Para secar a minha roupa

Na tropa tenho azar

Só me aparecem fretes

Ao domingo ter que estar

De fachina às retretes

Mais dura que na recruta

A aplicação militar

Amanhã vou para o mato

Como um turista a acampar

Passar frio e passar fome

Num pinhal em pik-nique

Muito mais passa um homem

Depois lá em Moçambique

Tive hoje que armar barraca,

E pela primeira vez.

Julgava que era para mim

Afinal era para três

Ainda não sei ao certo

O dia que vou embora

Não cabemos na barraca

Dormimos com os pés de fora

(Relato escrito diariamente entre 2/03/1968 e 13/03/1968)

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