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Capítulo VII | Estágio (7ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 12 de mai. de 2018
  • 1 min de leitura

Em Mueda, 1968 deitado vestido de camuflado

Quatro meses hoje feitos

Que eu de casa saí

Unimos os nossos peitos

Quando eu me despedi

Saiu hoje um pelotão

Mas só eu é que não saio

Turras, nem cheiro, pois não

Mas trouxeram um "sipáio"*

Sei que não acreditais

Mas não há quem mais resista

Do que os operacionais

Aqui do fundo da pista

Dois pelotões que chegaram

Dumas "emboscadinhas"

Com os turras se encontraram

Mas só trouxeram galinhas

Hoje certa companhia

De "páras" em Nangololo-

Turras com muita ousadia

Estenderam oito no solo

Dos que feridos ficaram

Apenas um gravemente

Pesadas baixas causaram

E troxeram armamento

Quem diz Mueda diz guerra

Quem diz guerra diz tormentos

Este meu peito encerra

Tantos, tantos sofrimentos

Um dia quando eu voltar

Se voltar está, bom de te ver

Quando no cais te avistar

Começarei a viver

Um grande acontecimento

Dos poucos que aconteceram

Anda a tropa em movimento

Duas brancas apareceram

Há quem viva por viver

Há quem fale por falar

Eu nasci para te ver

E vivo para te amar

Se eu fosse uma andorinha

Escolhia a tua rua

P'ra pôr a minha casinha

Mesmo ao abrigo da tua

Em Mueda desconfia-se

De outro ataque à traição

A malta ontem dormia

Hoje está de prevenção

Todos nós temos receio

Mas medo, isso não temos

Saltem eles cá pró meio

E depois então veremos

Esta Pátria tão querida

Conta já menos um filho

Um pára perdeu a vida

Ao rebentar um fornilho

* SIPAI- eram soldados indianos que serviam no exército da Companhia Britânica das Índias, Portugal manteve forças de sipaios no seu Estado Português da Índia e, mais tarde, em outros dos seus territórios ultramarinos, em Moçambique estiveram em grande número.

(Relato escrito diariamente entre 16/09/1968 e 29/09/1968)

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