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Capítulo VII | Estágio (5ªParte)

  • Manuel de Oliveira e Silva
  • 28 de abr. de 2018
  • 1 min de leitura

Manuel de Oliveira e Silva, desfardado Mueda, Moçambiique 1968

Quantas vezes a saudade

Me obriga a recordar

E às vezes tenho vontade

Que vontade de chorar

Chora-se a cantar o fado

Com uma expressão tristonha

Quantas vezes o soldado

Só não chora por vergonha

Tu choraste, bem te vi

Não te censuro acredita

Pois as lágrimas em ti,

Põem-te até mais bonita

Esta coisa de chorar

Só fica bem nas mulheres

Eu sofri, quiz evitar

Tenho este feitio, que queres?!

Se algo eu te pedi

Eis o que mai te peço

Como eu espero por ti

Espera p'lo meu regresso

Meu amor quanta saudade

Quanto tormento eu passo

Por passar a mocidade

Longe do teu regaço

Eu sou teu imperador

És a minha imperatriz

O Impérido do nosso amor

Deixa em mim cicatriz

Quem abriu esta ferida

Dentro do meu coração

Foi a saudade; querida

Que não sente compaixão

Tenho tanto que dizer

Sobre a palavra saudade

Pois ela me faz sofrer

Sem ter dó nem piedade

De ronda á guarnição

Outra noite a padecer

Com sono até mais não

Outro dia vi nascer

Para Metamba afinal

Com malta da minha laia

Durmo hoje no Sagal

E depois, Mocimboa da Praia

Ali as negras é mato

Camarão e cerveja

Andam à caça de incautos

Fazendo ás outras inveja

Tudo à base de dinheiro

Lagosta e amor à hora

Estou farto deste atoleiro

E morto por ir embora

O Benfica e o Seport

Bares que deixam saudade

Arruínam a carteira

E até a mocidade

(Relato escrito diariamente entre 19/08/1968 e 01/09/1968)

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